terça-feira, outubro 31, 2006


Na minha aldeia também se faz Arquitectura Paisagística.


_diogo
A propósito de
Gordon Matta-Clark





1ª parte non space

Procura na tua rua o recanto mais esquecido e traça-lhe os limites no chão para que não o esqueçam.
Criaste o espaço vazio, e o principio activo que o move... porque ganhaste a sua consciência, ganhaste a sua mutação
Agora trás alguém a este espaço, criaste o encontro e a transparência
Por fim apaga os limites. o espaço vazio vive da liberdade.

2ª parte your space

Tens a tua casa?
Abre um vão para a rua, mas faz sem regra definida,
terás luz ar pessoas
e a tua casa rasgada, mas virada para o mundo
Só não te esqueças de deixar a janela aberta.












_sebastião

quinta-feira, outubro 26, 2006

A Sunday in Pripyat (Chernobyl)


A Sunday in Pripyat, é um filme documental que nos transporta à cidade modernista, construída nos anos 70, para albergar os trabalhadores da Central Nuclear de Chernobyl.
O filme capta imagens de
uma cidade deserta, onde a vegetação cresce, ocupando todos os espaços. Um choupo desabrocha do chão de um ginásio, os prados das juntas das lajes de betão, os arbustos das varandas das casas. No filme ouvem-se os sons da actividade dum restaurante, dum cinema, duma piscina, dum infantário, como ainda existissem pessoas que habitassem estes locais. Os retratos, as bonecas, os móveis, os electrodomésticos, uma bola. Primeiro uma filmagem do interior, a seguir do exterior, por fim de toda a cidade e sempre, sempre tudo igual. Uma cidade de 50 000 habitantes abandonada num escasso número de dias. Caraças, é como as pessoas ainda lá estivessem!

Um sentimento de medo assola-nos, quando nos apercebemos da ca
pacidade destrutiva dos humanos.

“A Sunday in Pripyat” de Frédéric Cousseau, 27’, França 2006 (DocLisboa2006)






































_pedro


domingo, outubro 15, 2006


as bananas vermelhas do museumsquartier
são cadeiras? sofás? camas? chamam-lhes bananas porque todos os anos as pintam de cores diferentes e o ano passado estavam amarelas, são enormes, leves, feitas de um material barato. as bananas vermelhas do museumsquartier fazem aquele espaço. o museumsquartier é um enorme pátio, rodeado pelas antigas cavalariças dos habsburgo que foram transformadas em museu. o espaço é magnífico mas são as cadeiras que o tranformam naquilo que é, elas mudam o espaço, fazem apetecer ficar por lá o dia todo estendido, sentado, em pé. Os klimts e schieles que andam ali à volta perdem importância. um dia estão ali, no outro estão acolá. o pátio do museumsquartier passou a ser o verdadeiro centro de Viena e graças às suas bananas vermelhas.


_manel

quinta-feira, outubro 05, 2006

Lucien Kroll “Lenta transformação nas políticas habitacionais excertos do manifesto

“O movimento moderno nasce do desejo… desejo por abstracção, por novidade, por racionalidade, por artificialidade, por deslumbramento diante da renovação humana, pela fé na ciência e sua brutalidade, pelo militarismo arquitectónico, por trabalhos definitivos, por objectos na maior escala possível e acima de tudo pela centralização da autoridade, confiada às mãos de políticos, técnicos e oficiais de governo; todos empenhados em fazer a felicidade do povo; um povo que por milhares de anos foi acostumado a decidir por si mesmo, sobre o seu próprio ambiente, encontra-se hoje reduzido ao silêncio.”

“O movimento moderno recusa… a tradição, as emoções, o caos e a desordem, a irracionalidade, o sentimentalismo, o subconsciente e o inconsciente, a inadmissível influência do corpo humano sobre o ambiente ao redor, a confiança nas decisões tomadas por grupos de leigos.”

“Composição da subsidiariedade... Parece evidente que enquanto a arquitectura estiver submetida a regras de homogeneidade e à repetição de elementos idênticos, à disciplina de materiais, à simetria, ao seu carácter inflexível e imutável, permanecerá militarista, não sendo capaz de expressar os valores de uma sociedade complexa, criativa, dinâmica e democrática. Não poderá ser, por definição, outra coisa senão um regime totalitário; esta é a situação que caracteriza a nossa era.”

"Motivo... O arquitecto por si só não é capaz de abandonar a sua concepção de cultura pré-formada, criada por imagens mentais autoritárias: deve “internalizar” a desordem das pessoas que fazem uso das suas criações. Isto só será atingido através da participação calorosa da comunidade. A arquitectura só poderá acontecer se os arquitectos prestarem atenção aos habitantes reais e não às abstracções."

“Induzir a evolução... preocupação dos objectos iniciais por meio de adições sucessivas que cubram a estrutura antiga e cresçam através dos anos, afirmando assim uma cultura popular contemporânea compartilhada por uma maioria multicultural (uma mistura de culturas, entidades geográficas e gerações). O projecto tornar-se-á descentralizado, emocional, ambientalmente amistoso (socialmente, psicologicamente e fisicamente) quando privado da nostalgia de um passado mítico. Um ambiente futuro fará presente, um ambiente capaz de motivar activamente as próximas gerações, que já são frustradas com a péssima qualidade do seu património.”



A Arquitectura próxima dos habitantes foi experimentada em Portugal durante o PREC (processo revolucionário em curso), onde arquitectos como Siza Vieira, Souto Moura, e Bernardo Távora, faziam parte do SAAL (serviço de apoio ambulatório local), este serviço tinha como função identificar as carências habitacionais dos bairros e intervir, aconselhando as associações de moradores que recorriam ao programa. O objectivo era a recuperação das ilhas de habitação com condições deploráveis, não através da mera entrega de uma chave às pessoas, mas sim pela melhoria gradual das suas habitações numa autoconstrução assistida. Foram realizados inúmeros projectos, sempre numa relação activa com os moradores. Uma das condições do programa era a "consciência do próprio bairro em mudar as suas habitações". Depois do 25 de Novembro, o SAAL acabou, porque os poderes instituídos não o viam com bons olhos, devido este permitir demasiada autonomia às pessoas.

Decidi investigar e escrever este artigo, porque acho que a arquitectura há muito se distanciou das pessoas. É natural e essencial que os técnicos interajam com os habitantes.


_pedro

terça-feira, outubro 03, 2006

Na Minha Terra perdeu-se a Cor

Caro Barragan,

Na minha terra perdeu-se a Cor! Os pigmentos deixaram de ser produzidos e as paredes ficam brancas. Há quem diga que o problema não é da falta de pigmentos, mas sim, por se desenhar com caneta branca sobre papel branco, e devido a isto, cria-se uma incapacidade de colorir a realidade. A Forma suprimiu a Cor e os nosso olhos estão incolores.

Penso que a Cor também faz parte da arquitectura, mas ninguém acredita em mim, o que diziam de ti? Que eras louco? Sabes, estou farto deste branco que invadiu a arquitectura pós pós-modernista. Estou farto destes tons pretos e brancos que se injecta nos planos gerais. Houve uns que cá na terra ficaram tão loucos com a monocromia que esbajam cores sem qualquer nexo.

Isto está tão mal que na minha escola, nem nas outras, se ensina a roda das cores, Podias dar-me umas lições? Caro Barragan preciso de ajuda, não percebo nada de cores!


_pedro